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Como vários de vocês já devem saber, essa semana viu duas derrotas no campo dos direitos das mulheres aqui no Brasil. A semana começou com o Ministério da Saúde censurando imagens geradas por seu próprio equipe em função da celebração do Dia Internacional das Prostitutas. As imagens, que supostamente "glorificaram" a prostituição, foram retiradas do site do Min. Saúde e os responsáveis por sua geração foram sumariamente demitidos.
E, ontem, tivemos um avanço no congresso do Estatuto do Nasciturno, que basicamente situa o corpo da mulher como se esse fosse a propriedade do Estado.
Gente, essas derrotas devem nós ensinar uma coisa: não podemos confiar no Estado.
Menciono isto por que várias vezes nos últimos anos, tenho avisado a meus
co-partidários dos movimentos gays e feministas CONTRA a eliminação das
proteções constitucionais que existem em prole da liberdade de
expressão.
Sim, pessoas como Rafinha Bastos são escrotas e
falam um monte de merda. Todavia, exigir que o Estado investiga essas
pessoas e as sujeitam a censura e as sanções políticas é um jogo muito
perigoso num contexto político em que o Estado pode acabar nas mãos de
nossos inimigos.
Não podemos, nunca, militar em prole da
destruição dos direitos humanos básicos, mesmo quando nossos inimigos os
utilizam para se proteger.
Espero que a atual situação dá uma
noção da dimensão do problema que estamos encarando. Me pergunto, por
exemplo, se vai chegar o dia em que fico preso por "defender a
prostituição" (que é crime no Brasil)?
O direito de se
expressar sem temer represálias é absolutamente a fundação de uma
sociedade democrática. Quando militamos em favor de sua suspensão por que
esse escroto aqui xingou alguém de "viado" ou aquele ali fez piada sobre
estupro, criamos as bases para nossa própria censura em prole dos "bons
costumes" e das milhares de leis inativas que existem na jurisprudência
brasileira.
Está na hora, gente, de perceber que o Estado não
é, necessariamente, nosso amiguinho. Aliás, não entendo muito bem como
essa visão de "estado como defensor dos fracos" nasceu nos movimentos
populares - particularmente num país que tem a história que o nosso tem.
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