Saturday, February 18, 2017

“Squeezing the 'Juice'”: O Povo Contra O.J. Simpson como Crítica Interseccional




O.J. Simpson no filme Firepower, ca. 1979.

Essa semana terminei de assistir a série “O povo contra O. J. Simpson”. Admito ter  tido certo preconceito em acompanhar o seriado. Comecei acompanhando na casa de uma amiga que já tinha ouvido falar sobre o seriado e terminei fascinada em minha própria casa. Por causa de minha pouca interação com o que está na moda, acabei não me dando conta desse show e fiquei ainda mais com o pé atrás, quando soube que foi indicado para diversos prêmios e ganhou muitos desses.

O elenco também não me animava: todos oriundos de blockbusters com exceção de alguns que, confesso, realmente gosto. É preciso dizer que eu estava muito enganada. O seriado me fez pensar profundamente numa palavra que se tornou moda, mas que tem sido mal utilizada por parte de diversas militâncias brasileiras: a interseccionalidade.

Esse conceito surgiu (pelo menos formalmente) com a filósofa de direito e teórica crítica de raça, Kimberlé Crenshaw. Hoje em dia caiu na “boca do povo”, como diria minha avó. Como estudiosa do tema, entendo como é difícil e árduo o caminho para se fazer, de fato, uma análise interseccional. Acredito que essa categoria se compõe num desafio permanente de reflexão e análise de um dado fenômeno social. Acredito, que, quem acha ser esse um conceito fácil – um tipo de análise simples pela “soma das desgraças”, vamos dizer – geralmente cai numa armadilha onde o que se prova é a prevalência de uma ou outra categoria de análise para explicar a realidade social.

Quando terminei a série, procurei artigos críticos sobre os episódios e percebi que a maioria desses sempre destacou somente uma categoria para explicar o caso O. J. Simpson. Ou era raça, ou gênero, mas nunca uma reflexão sobre a complexidade de uma sociedade estruturada em torno de inúmeros eixos de identidade, preconceitos, e desigualdades que cria meandros sutis de discriminação e exclusão.

Optar por trabalhar pelo viés teórico da interseccionalidade é fazer escolhas em que a vida social não se reduz a apenas uma categoria explicativa. É pensar nos desafios criados pelas intersecções de categorias sociais e quais os seus efeitos reais dessas na vida como ela é vivida.

Para quem está lendo e não sabe o que é interseccionalidade, peço desculpas. Não sou a pessoa mais indicada para explicar, pois considero que continuo aprendendo e me desafiando em torno de ideias que, era uma vez certas, dados os meus estudos em gênero, sexualidade e raça. Tentarei definir, em poucas linhas, o que significa interseccionalidade, correndo certo risco de simplificar o conceito ao ponto de o transformar numa paródia de si. Em alguns contextos, é o estudo de como categorias de identidade se interagem para criar e/ou fazer desaparecer certas subjetividades.

Um exemplo disto seria o artigo em que Creshaw cunhou o termo, onde ela o aplica a um caso específico que estudava na época: ao de mulheres negras que diziam ter sofrido discriminação por não serem empregadas em certos cargos na empresa em que trabalhavam. A empresa alegou que não era racista, porque tinha homens negros trabalhando nesses cargos. Tampouco poderia ser considerada machista, porque empregava mulheres brancas nessas posições também. Era de fato, a combinação de negritude e feminilidade que excluía as mulheres negras dos postos, mas a lei só contemplava ações anti-racistas ou anti-sexistas. A empresa, portanto, ganhou frente ao tribunal.
Creshaw inventou o termo “interseccionalidade” justamente para rotular esse tipo de interação de categorias sociais, que fazem surgir ou desaparecer subjetividades. Ela salienta que casos como esses não podiam ser entendidos através de apenas uma categoria, mas só pela conjunção que o termo “mulher negra” evocava. A ligação entre machismo e racismo produzia outra situação, não menos desigual paras as mulheres negras, mas impossível de ser abordada utilizando uma só categoria social.

Sendo mulher e negra, estou numa condição diferente de um homem negro, por exemplo, ou de uma mulher branca. A mulher negra, nesse caso, é mais oprimida? Não necessariamente. No caso do Brasil e dos EUA, as mulheres negras estão em melhor condição do que os homens negros em várias categorias de análise, começando com a expectativa de vida. Os homens negros também têm menos escolaridade e maior índice de mortalidade violenta que as mulheres negras. Todavia, quando um homem negro vence todos esses obstáculos e disputa uma vaga de emprego com uma mulher negra, é bem possível que ele ganhe essa, não importando as qualidades profissionais da mulher, só pelo fato de ser homem. Intersccionalidade não é fácil de se entender – particularmente por militantes de movimentos historicamente viciados em vieses deterministas e reducionistas de explicação da realidade social – mas a teoria explica muito sobre as desigualdades que as sociedades capitalistas produzem nos dias atuais.

Voltando ao caso O. J. Simpson, para quem não estava viva e raciocinando na década de 90, (ou, para pessoas como eu, nada interessados nos fatos), era entendido por muita gente como o julgamento do século. Interessante como a não-presença das mídias sociais (ainda não inventadas nessa época) fizeram de um caso monumental como esses algo que as pessoas – pelo menos no Brasil – nem sequer ouviram notícias. A pessoa em questão, O. J. Simpson, é atleta aposentado, famoso e venerado no futebol americano (sim, aquele esporte que, ultimamente tem feito sucesso no Brasil). Negro, de origem humilde (essa parece ser a história de grandes ídolos de esportes nacionais, seja aqui, na Europa ou em Love-it-or-leave-it Land), chegou a acumular uma das grandes fortunas esportivas dos EUA.

Em 1994, porém, Simpson foi levado a julgamento por suspeita de matar a ex-mulher e seu amigo de forma brutal e cruel. O casamento de Simpson com sua ex-, Nicole, foi bastante conturbado, com históricos de abusos físicos e psicológicos por parte de Simpson a sua esposa, com muitas ocorrências de violência doméstica e múltiplas chamadas de Nicole para o famoso disque-denúncia EUAmericana, 911. Todo esse material foi utilizado de forma sensacionalista pela imprensa, que teve seu reality show jurídico patrocinado pelo acesso de câmeras ligadas 24 horas da sala do tribunal.


Simpson, menino-propaganda na auge de sua carreira.

Todas as pessoas em questão foram defenestradas: procurava-se podres de todos os envolvidos. Se você conhecia alguma daquelas pessoas que apareciam na TV durante o julgamento, foi a hora de tirar o pé do lodo e vender qualquer história ou desavença possível sobre elas.


A acusação acreditou piamente que as evidências do crime eram tão cabais e incontestáveis que era impossível não condenar o grande astro do esporte. Não levaram em conta, porém, o contexto e a representatividade daquele julgamento num momento sensível para os EUA e, particularmente, para Los Angeles, cidade onde o julgamento ocorre. Dois anos antes, L.A. sofreu um dos maiores tumultos raciais do Século XX, provocado pelo espancamento brutal do motorista negro Rodney King pela polícia municipal. Levar ao banco dos réus um homem negro, bem-sucedido, ídolo máximo nacional, e condená-lo passou a ser encarado, principalmente pela comunidade negra,  como a prova cabal daquilo que muitos já sabiam: os EUA é um país racista que considerava a população negra como menos-que-humana e, portanto, destituídos das proteções básicas concedidas pela lei a pela Constituição. Ou seja, o caso Simpson prometia ser uma ferida aberta numa nação escravocrata que, mesmo após a abolição, manteve  um regime de segregação racial legal e oficial em 13 estados (e extra-oficial em quase todos os outros). 

Cuba Gooding como Simpson, fugindo da polícia.



Consequentemente, muitas pessoas entendiam que o caso Simpson era mais um exemplo de um racismo institucionalizado, que comprovava que nem um milionário e celebridade negra poderia escapar do linchamento legal que os negros conheciam, de perto, nos tribunais de todo o país. Homens negros, por diversas vezes inocentes, ou que tinham praticado crimes menores, costumavam ser julgados como grandes criminosos, lotando a carceragem e os corredores da morte pelo país afora. Para você ter uma ideia de como é forte a institucionalização racial do sistema penitenciário americano, saiba que 36% dos presidiários nos EUA são negros, enquanto negros são tão somente 10-12% da população geral. Nem o Brasil tem índices de encarceramento tão racialmente injustas (embora estamos fazendo tudo para ficar a par com nossos primos americanos e até, em alguns casos (assassinatos extra-judiciais feitos por policiais) ultrapassá-los).
          
É nesse ponto que o nosso conceito chave de interseccionalidade entra no jogo.
            
De um lado a acusação contra Simpson foi composta por uma promotora pública, Marcia Clark: uma das mais brilhantes, com currículo bem-sucedido. Ela foi assessorada nisto por um assistente da promotoria, homem negro em franca ascensão na carreira: Christopher Darden. Do lado da defesa, constituiu-se um “dream team” (e é interessante notar aqui como a noção do esporte foi utilizada como estratégia de marketing para a defesa de O. J. Simpson) de advogados que incluía alguns dos nomes mais conceituados na época. No entanto, o mais notório dos advogados de defesa de Simpson foi  Johnnie Cochran, negro militante, ligado aos movimentos populares, que viu na oportunidade de defender um grande astro negro a possibilidade de denunciar um sistema historicamente racista e excludente. Não importavam os fatos, a história que Cochran buscava narrar era pôr em evidência toda a trama racial desigual sofrida pelos  afro-descendentes americanos desde a formação da nação.
             
O interessante da série de televisão que retrata esse caso é que foge dos estereótipos batidos  de mocinho e vilão, procurando construir uma narrativa dos interesses em jogo de cada personagem. Enquanto O. J. Simpson procurava se livrar da cadeia, cada um dos envolvidos também tinha um interesse específico no caso. A série focaliza na “desconstrução” da figura moral de Marcia Clark, que, segundo a imprensa e de boa parte da opinião pública, não era digna de ter uma responsabilidade tão grande no julgamento. Clark foi desqualificada de todas as formas possíveis, mas principalmente pelo fato de ser mulher. “Louca”, “vadia”, “durona” e “devassa” foram apenas alguns dos xingamentos utilizados para publicamente atacá-la durante o caso. Para piorar a situação, fotos de Clark fazendo topless numa praia foram divulgadas pelo seu ex- marido na grande imprensa americana.
             
No entanto, outros personagens envolvidos no caso não foram menos poupados. Darden foi massacrado pela comunidade negra por estar do “lado errado“ do caso. Os advogados de O. J. Simpson tiveram suas vidas devassadas pelas revistas de fofocas. E o próprio  Juice” (como Simpson era carinhosamente apelidado) teve todas as suas brigas conjugais e agressões domésticas reveladas aos olhos públicos pela imprensa. Marcia Clark foi, talvez, a que mais sofreu. Por ser a única mulher divorciada envolvida no caso, teve toda a sua moral sexual posta à prova. Não quero aqui, iniciar um “desgraçobol” (termo de Sérgio Carrara), para saber se mulher sofre mais que negro e etc. etc. etc., Aliás, o grande erro das análises que ando lendo sobre a série, particularmente as advindas de militantes, cai precisamente nessa armadilha.
             
Esse é o grande desafio que nos encara, sejamos militantes ou cientistas sociais críticos de sistemas institucionalizados de reprodução das desigualdades: entender como classe, gênero e raça, atuam de forma interligada na produção de exclusões e privilégios. O que é importante pensar no caso Simpson é como a desigualdade social é criada por víeis múltiplos e reforçantes numa sociedade que foi culturalmente e socialmente montada no padrão da Casa Grande e Senzala, e que sempre foi patriarcal e escravocrata, assim como Brasil ou os EUA. Tenho sempre dito, e algumas vezes escrito, que a experiência colonial americana não difere tanto assim da brasileira – que, por sua vez, não difere dás Américas. Mutatis mutandis, o padrão racista e sexista não produziu muitas diferenças radicais na extensão das terras colonizadas pela Europa durante os Séculos XVI-XVII. É mais uma questão de ênfase nesse ou naquele aspecto do que modelos completamente diferentes. Como meu parceiro gosta de afirmar: “É tudo, tipo, caixinha de bloquinhos Lego: pode construir barquinho, ou castelo ou trenzinho, mas quando você olha bem de perto, 'tá tudo feito com os mesmos bloquinhos de merda”.
             
A noção de um homem branco dominador, sábio, todo-poderoso e benévolo (ou absolutamente brutal; as duas características são, de fato, duas faces da mesma moeda) que manda em tudo e em todos é o modelo-mor de autoridade numa sociedade que se perpetua pós-abolição em toda parte das Américas onde a escravidão foi instituída. Isto é, justamente, o contexto mais profundo – diga-se de raiz – que precisa ser entendido no seriado O. J. Simpson. Toda essa estrutura quiriarcal está lá sendo reproduzida nas discussões sobre a culpabilidade do grande astro, a forma como a polícia tratou o caso, a maneira como Marcia Clark é desqualificada (a sinhazinha que se mete onde não é chamada), o negro da Casa- Grande, o negro que defende a Senzala, o bom branco que denuncia o racismo da sociedade americana, e – como sempre acontece, no caso do racismo estadunidense – os “lixos brancos” brutos e incultos, abertamente racistas, que são o bode expiatório preferido do racismo liberal/institucional. Essa figura aparecia na pessoa do policial Mark Fuhrman, acusado de empregar epítetos raciais e de plantar evidências falsas incriminatórias contra  Simpson (ironicamente, Fuhrman seria o único condenado do caso – hoje faz carreira na Fox News).
             
A série não é uma volta ao passado, ou apenas um testamento de que nada mudou desde os tempos coloniais (muita coisa, de fato, mudou): ela é uma exploração íntima do “caso do século” que vai muito além da análise uniaxial das categorias raça e gênero, geralmente utilizada para entender o caso Simpson.  Para o telespectador atento, O Povo Contra O.J. Simpson oferece uma aula introdutória em análise interseccional e como isto pode ser aplicado ao mundo real.
             
No último episódio, um diálogo maravilhoso (mas provavelmente fictício) entre os advogados negros (Darden e Cochan) ilustra outra categoria importante na análise dos fatos, que geralmente é ignorada pelos proponentes de análises uniaxiais do caso: a classe. Num último momento, Cochan chama Darden e lhe faz uma proposta de colaboração. Darden recusa e afirma que o grande objetivo de homens como Cochan, de absolver negros como o Juice”, era a manutenção de sua própria casta rica e bem-sucedida, que tinha a garantia implícita que os negros ricos não pudessem ser tratados como um “negro qualquer”. Os negros pobres e dos guetos continuariam a ser mortos e presos pela polícia, sem nenhum critério, independente, da absolvição de O. J. Simpson. Darden explica que a suposta preocupação de Cochran com a justiça racial, de fato, acaba reforçando a injustiça de classe que, nesse momento da história americana, começava a desunir a aliança negra que conseguia as vitórias das décadas de '60-'70.
             
Após desse diálogo, corta-se imediatamente para uma cena onde Cochan comemora a vitória da absolvição do Simpson com sua equipe e o Presidente Bill Clinton reconhece, em rede nacional, que o racismo é um problema sério na sociedade americana. No entanto, essa cena é emblemática, pois o governo Clinton foi o que mais endureceu as leis de encarceramento e colocou milhões de negros, não-brancos, e pobres na cadeia. Em 2016, o movimento Black Lives Matter”, que surgiu das denúncias de abusos policiais, compareceria num comício de campanha da então-candidata Hillary Clinton, pedindo a retratação das leis instituídas no governo de seu marido que criavam o encarceramento em massa das populações não-brancas.
            
Na cena, Cochan, regozija-se da vitória, afirmando ter atingido e colocado na boca do Presidente da República a palavra “racismo”. Mas o que isso efetivamente mudou nos EUA? É uma reflexão sutil, porém dolorosa, dentro de uma parcela dos movimentos negros da classe média e da elite, de que muitas vezes suas lutas não são as mesmas que a dos pobres. Esses últimos lutam para simplesmente sobreviver, enquanto os primeiros lutam para conquistar posições cada vez mais poderosas  numa sociedade racista, com a promessa de que, uma vez que eles alcançam o poder, tudo vai mudar (vide Barack Obama). Ambas essas aspirações são, de fato, legítimas. Ou que não são, necessariamente, é compatível ou reduzível uma a outra. Enfim, como aquele velho hippie Karl Marx nos alertou mais de 150 anos atrás, grupos sociais diferentes tendem a ter objetivos e interesses diferentes, de acordo com as diferenças em suas condições materiais de vida. Muitas vezes, os mesmos negros bem-sucedidos esquecem desse fato, aplicando uma “política da respeitabilidade” à comunidade negra como forma de criar distanciamento e, assim, distinção e status social.
             
Falando em termos de gênero, Márcia Clark não teve seu trabalho reconhecido. Largou a promotoria, passou a prestar consultoria, e a escrever romances, atividade no que obteve certo reconhecimento. No entanto, nenhuma autoridade política americana foi para TV reconhecer frente a nação as desigualdades de gênero, ou admitir que Clark foi massacrada ao longo do julgamento. Tudo muito natural para alguém que nasceu mulher. Nada mudou na forma como mulheres são vistas ainda hoje, fato que podemos reconhecer na última eleição presidencial americana, onde a candidata mulher teve todo seu passado sexual revirado enquanto seu oponente homem, que admitiu ser agressor sexual, não sofreu efeitos negativos significantes, nas urnas, por seu comportamento sexual abusivo.
             
Por último, quem sofreu uma degradação sem precedentes foi O. J. Simpson. (Aliás, é quase certo que realmente cometeu os crimes. Ele escreveu um livro em que descrevia como teria sido a cronologia do crime, caso tivesse matado a sua ex-esposa e o amigo.),  Juice” ganhou no processo criminal, mas não escapou a condenação civil. Teve todos os seus bens penhorados, perdeu sua fortuna e, em 2008, foi preso, acusado de roubo e cárcere privado por tentar recuperar relíquias de sua coleção pessoal, negociadas a um grande hotel-cassino em Las Vegas. Foi condenado a 33 anos de prisão, mas entrará com pedido de condicional esse ano, 2017. O triste da história é que, Juice, foi condenado criminalmente por atacar a propriedade privada, mas nunca, pelas mortes de sua ex-mulher, Nicole, e o amigo dela. Durante seu tempo na prisão, Simpson foi espancado por um grupo de skinheads racistas. Até onde se sabe (pouca informação tem sido divulgada sobre o incidente ou se até mesmo é verídica), supostamente não pode caminhar, nem falar direito por conta dos danos físicos que sofreu durante esse ataque.
             
Para mim, alguém que estuda antropologia do esporte (entre outras coisas), é interessante pensar na construção e fabricação desses ídolos, quase sempre negros, todos eles muito pobres e como são alçados ao  estrelato da noite para o dia. Poucos resistem, muitos caem, e, parece que o sistema é montado para isso, destruir grandes ídolos num piscar de olhos, quase tão rapidamente quanto os elevou. Pois, afinal das contas, existem tantos lucros na destruição de uma carreira de celebridade quanto na sua construção e assistir homens negros e pobres lutar para suas vidas é algo que atrai plateias pagantes desde os tempos da escravidão.