Monday, March 4, 2013

Senhoraismo e Boa Mocismo.

Duas boas moças do FEMEN demonstrando a sensibilidade política, étnica e estética que tem feito a fama do grupo. Somente as bem dotadas e jovens podem protestar contra a influência da religião islâmica na Europa. E é sempre bom se depilar antes de irem ao protesto, neh, gente? Porque nada fala mais alta contra a objetificação do corpo feminino do que sua cuidadosa apresentação, sem roupagem alguma, para os olhos ávidos da mídia global.
 Por Thaddeus
Tenho dois novos termos para posições políticas/culturais dentro do patriarcalismo que são muitas vezes confundidas com feminismo:

"Senhoraismo" (a versão original em inglês: "Ladyism"). Essa seria a posição tomada pela esposa do partriarco. Embora ela é "o segundo em comando", está numa posição bem mais confortável que a maioria das outras mulheres e homens na estrutura interseccionalista da kiriarquia.

Essa é a posição das famosas "Senhoras de Santana", tomada por muitos grupos de mulheres que lutam contra a prostituição e em favor dos bons costumes. É a posição das suffragettes de Idaho, nos EUA: as primeiras mulheres americanas que conseguiram alcançar o voto, usaram seu novo poder para restringir o voto às mulheres "moralmente puras". É a posição da madame, protagonista de várias sambas, que explora sua faixineira e busca construir um casamento socialmente útil para sua filha, independente dos desejos da mesma. A repentina revelação da Xuxa que ela foi vítima de violência sexual e que isto a impediu de construir um relacionamento monogâmico heterossexual duradouro é, a meu ver, umvariante desse tipo de ideologia (se você acha que a Xuxa foi corajosa e deu um bom exemplo, como algumas das minhas colegas do NIEM da Bahia, podemos debater essa questão abaixo).

"Boa mocismo". Podemos pensar nessa posição, metaforicamente, como a da filha do patriarco. Ainda opera, em algun nível, sob a ilusão que seu comportamento sexual/social deve reservar para se mesmo uma posição de distinção moral que pode redundar em privilégios.

Essa seria a posição de mulheres (geralmente jovens) que confundem a pureza sexual com a pureza moral e/ou política. A turma feminina que participou no "slut shaming" de Geisy Arruda oferece um exemplo dessa ideologia em operação. Essas são as moças que vão às marchas das vadias carregando cartazes afirmando que "não sou puta, nem santa"... como se isto valia alguma coisa frente a afirmação da marcha que mesmo putas e santas merecem ser respeitadas como cidadãs. É a posição daquelas pessoas que confundem eroticismo com pornografia e presume que qualquer apresentação do corpo humano em pose sexy "objetifica". Muitas das atividades de FEMEM parecem cair nessa categoria (e, novamente, estou disposto a debater isto com qualquer um que acha que estou errando).

Nem todas as posições tomadas por mulheres, ou no nome das mulheres, são libetárias, corajosas, ou buscam igualar direitos, deveres e privilégios. (E, como todas as posições frente ao gênero, inclusive feminismo, essas ideologias podem ser empregadas por qualquer um, não necessariamente só as mulheres.)

Cometários? Criticas?

2 comments:

  1. "Cometários? Criticas?"

    I always thought that the whore/saint rejection was a rejection of being treated as a symbol/stereotype instead of an individual.

    But it's true that it could be read the way you write. It certainly happens in many non-mainstream movements. The desire to assimilate and normalize, and all.

    Anyway, that's all. Google translate is not good enough yet, i mean, i don't know Portuguese at all :D

    (also, Femen is puzzling organisation. Though media seems to love it, obviously)

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  2. Yes, it is a rejection, but it's not appropriate in a slut march. The point of a slut march is that EVEN IF you are perceived as a whore or a saint, you should have human rights and be treated with respect. It's not such a big deal for the saints, as we aren't burning them at the stake anymore, but it is a big deal indeed for the whores. Sex workers are a very stigmatized and criminalized group who are, in many case, the victims of active prejudice on the part of certain women's groups involved in these marches.

    Here in Brazil, FEMEN's leader was revealed to have certain unsavory neo-nazi ties. And, given the pernicious xenophobia practiced by pretty much all of the group's chapters ("Immigrant muslims are evil and are killing our women! No! It's ssex tourists! No! It's foreign football fans!"), my patience with them has come to an end.

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