Thursday, November 12, 2009

Uniban bota p'ra fuder.

O mais que pensamos sobre o caso, o mais que acreditamos que o fator de menos importância na história é o tamanho do vestido da Geisy. O que importa, sim, são as questões morais envolvidas - questões que, até agora, poucos agentes da mídia têm levantado, muito menos discutido.

Uma das histórias que se conta por ai é que alguém descobriu que a moça é garota de programa. A notícia espalhou-se pela a universidade e culminou com sua ida de vestido pink curto, como uma espécie de tapa na cara de seus difamadores. Logo em seguida aconteceu o quase linchamento da aluna sob o coro: "puta, puta, puta".

Caso seja verdeiro, este dado demonstra muito claramente como o estigma funciona. Ser prostituta não é ilegal no Brasil, mas é moralmente execrável frente a sociedade dita "normal". A atitude dos alunos da Uniban acaba sendo legitimada pelas correntes conservadoras de ONGs e religiões que tentam "salvar" as mulheres da vida e do próprio Estado que prega a "limpeza" e "higienização" das ruas - leia-se o confinamento das prostitutas em inferninhos onde são controladas por cafetões.

Dentro deste contexto, por que não "limpar" a universidade também? Uma prostituta deve ter o direito de frequentar escola? Por que ela não fique em seu cantinho, longe dos homens e mulheres "de família" que pagam mensalmente a faculdade para terem seus diplomas? Ela precisava "sair do armário"?

Para os alunos, funcionarios e todos aqueles a favor da expulsão da aluna, esta é  a atitude correta. Se interpelados, provavelmente diriam que nada tem contra as garotas de programa, desde que estas fiquem em seu lugar: bem distantes do ambiente em que transitam pessoas "normais". Esse pensamento é corroborado pelo políticos como o atual Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que diz ter nada contra as garotas de programa, desde que essas permanecem em pequenas zonas restritas . Ele é refoçado por ONGs salvacionistas que afirmam que as prostitutas só precisam de treinamento com empregadas domésticas ou babás para deixar a "degredação" por trás.

Devemos estar falando sobre a dupla moralidade em que a mulher ainda está infernada. Se um homem é sexualmente ativo, a sociedade acha fantástico. Se ele consegue que as mulheres o pagassem para seus dotes sexuais, mano, demaaaaaaaais! Mas que malandro, hein? O cara tem um pau assim, ô!

Mas se uma mulher é sexualmente livre, continua sendo uma sem vergonha: enfim, uma puta. E puta não é cidadã em nossa sociedade, nem dono de seu próprio corpo: é de quem quiser.

Esse foi o preconceito que a Geisy enfrentou na Uniban, e não uma reação ao cor, nem a corte de seu vestido.



Gotta love that collar. Amirite, amirite?

Sem querer levar a situação levianamente, o Thaddeus acha que o melhor comentário sobre o caso, até agora, encontra-se no blog de humor Kibeloco: "Estreando em Brasileirinhas em 5, 4, 3, 2..." Quer dizer, vamos torcer para que a moça sabe gerenciar bem seus 15 minutos de fama, neh?

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